Nacionalidade no currículo: quando e como pôr?

Devo adicionar a nacionalidade no currículo?

Quando pensamos num currículo, associamos este documento à experiência profissional, educação, competências, idiomas… Porém, existem outros elementos que também podem ser importantes para o recrutador e um deles é a nacionalidade. Neste artigo dizemos-lhe tudo o que precisa de saber sobre a nacionalidade no currículo: quando e como adicionar, as normas que deve ter em consideração e os riscos que corre ao adicioná-la.

Analise a relevância para o cargo ou empresa

Antes de entrar a fundo no tema, importa definir o que é a nacionalidade e como esta se diferencia da naturalidade. A naturalidade é simplesmente o país onde uma pessoa nasceu, pelo que alguém nunca pode ter mais do que uma. A nacionalidade é geralmente obtida com a naturalidade, ou seja, alguém que nasce em Portugal, por exemplo, obtém a nacionalidade portuguesa. Apesar de variar de país para país, geralmente, também é possível obter a nacionalidade de um país ao viver lá por determinado tempo, caso tenha antepassados com essa nacionalidade ou por via do casamento.

Agora que temos claro o que é a nacionalidade, podemos apresentar os casos em que colocar a nacionalidade no currículo pode ser uma mais-valia:

  • Empregos internacionais ou vistos de trabalho: Quando se candidata a um emprego no estrangeiro ou procura um visto de trabalho, a sua nacionalidade pode ser exigida para determinar a elegibilidade para trabalhar nesse país.
  • Empregos no governo ou na defesa: Apesar de não acontecer em Portugal, nos EUA, por exemplo, alguns cargos governamentais ou de defesa podem exigir a cidadania americana ou autorizações de segurança específicas, tornando a nacionalidade relevante.
  • Programas de diversidade: Algumas empresas têm programas de contratação que incluem critérios de diversidade que visam contratar grupos específicos. A nacionalidade pode desempenhar um papel relevante nestes casos.
  • Domínio da língua: Caso se esteja a candidatar a uma oportunidade que exija o domínio da língua portuguesa num país estrangeiro, indicar que tem nacionalidade portuguesa pode ser bastante importante.
  • Quando é solicitado no anúncio: Apesar de não ser comum, se for solicitado no anúncio de emprego, deverá inserir a nacionalidade no currículo para ser considerado(a).

Normas culturais e legais

Cada país possui a sua cultura e ordenamento legal, e estes podem até variar num país (geralmente, em países de grande dimensão). Desta forma, deve ter isto em consideração antes de colocar a sua nacionalidade no CV.

Nos países membros da União Europeia, América Latina e Médio Oriente, a inclusão de dados pessoais, como a nacionalidade, é algo frequente. Estes dados podem incluir a sua idade, data de nascimento, morada e estado civil.

Em países como os Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, é comum evitar-se a inclusão da nacionalidade, de outros dados pessoais e até de uma foto, para evitar qualquer tipo de discriminação. Nos EUA, pode até ser contra a lei devido às políticas antidiscriminação. A U.S. Equal Employment Opportunity Commission (EEOC) proíbe as entidades patronais de discriminar com base na nacionalidade, raça, género, religião, idade e outras características. Por conseguinte, pedir informações sobre a nacionalidade durante o processo de contratação pode ser entendido como uma tentativa de discriminação.

Caso pretenda incluir a nacionalidade no currículo, pode colocá-la num destes 3 locais:

  • Informações pessoais: Colocar a nacionalidade com o seu nome, e-mail, número de telefone e outros dados básicos, dar-lhe-á algum destaque, já que estas informações aparecem no topo do documento na maioria dos modelos de curriculum vitae.
  • Resumo/Objetivo: Ao inserir a nacionalidade no resumo ou objetivo, dar-lhe-á o máximo destaque. Use esta opção apenas se a nacionalidade for extremamente importante para a seleção.
  • Rodapé: Caso pretenda dar o mínimo de destaque possível, coloque a nacionalidade como nota de rodapé.

Também é possível indicar a nacionalidade na sua carta de apresentação.

Dica de profissional:

Algumas pessoas têm dupla nacionalidade, ou seja, são consideradas cidadãs nacionais de dois países. Se isto acontecer, pode inserir as duas nacionalidades no currículo sem qualquer problema: basta inserir as duas na mesma linha, como “Nacionalidade: Portuguesa e francesa”. Coloque a nacionalidade mais relevante para o emprego específico em primeiro lugar.

A possibilidade de enviesamento

A inclusão da nacionalidade no currículo apresenta um risco principal: a criação de enviesamentos. Com efeito, quando os recrutadores ou empregadores veem a nacionalidade no CV, podem inconscientemente formar estereótipos ou preconceitos baseados em suposições culturais. Estes podem levar a julgamentos que não estão relacionados com as qualificações do candidato para o emprego. Isto pode levar a situações como:

  • Assumir a proficiência linguística com base na nacionalidade. Por exemplo, assumir a fluência em espanhol para todos os candidatos com nacionalidade espanhola.
  • Associar certos hábitos de trabalho ou traços de personalidade a nacionalidades específicas. Por exemplo, presumir que um candidato alemão é pontual.
  • Fazer suposições sobre ética ou empenho no trabalho com base em estereótipos culturais, como assumir que todos os candidatos japoneses são empenhados.

Estes preconceitos podem afetar inadvertidamente as decisões de contratação, conduzindo a resultados injustos. É por este motivo que só se deve inserir a nacionalidade no currículo se for benéfico ou obrigatório. Caso contrário, deve focar os seus esforços nos outros aspetos do curriculum vitae, para que a atenção dos recrutadores se centre no mérito, competências, experiência, etc. Convém não esquecer que a discriminação é algo que acontece no mercado de trabalho, como demonstra o inquérito Insights sobre Sustentabilidade 2022 da Michael Page (1), em que 19% dos trabalhadores europeus afirma ter sentido discriminação devido à sua cultura ou etnia.

“Algumas empresas têm programas de contratação que incluem critérios de diversidade que visam contratar grupos específicos. A nacionalidade pode desempenhar um papel relevante nestes casos.”

Foco nas qualificações e competências

Independentemente de se colocar ou não a nacionalidade no CV, é importante não esquecer que esta nunca é o ponto central do documento. Os aspetos mais importantes estão relacionados com as suas qualificações e competências e devem ser personalizados para cada candidatura específica, ou seja, deve alterar o seu documento para que responda da melhor forma ao anúncio de emprego. Assim, em vez de enumerar todas as competências e experiências que possui, dê prioridade às qualificações, experiências e realizações diretamente relevantes para o cargo anunciado. Esta abordagem demonstra aos potenciais empregadores que compreende os requisitos do cargo e possui as capacidades necessárias para o desempenhar.

Também é de extrema importância realçar os seus pontos fortes mais relevantes, para captar a atenção do recrutador e aumentar as hipóteses de sucesso da sua candidatura. Concentre-se nas realizações que quantificam o seu impacto em funções anteriores. Aumentou as vendas numa determinada percentagem? Simplificou um processo, poupando tempo ou dinheiro à empresa? Utilize verbos de ação e métricas fortes para mostrar o valor que trouxe às empresas anteriores. Lembre-se que o seu currículo é a sua oportunidade de brilhar, por isso, certifique-se de que os seus pontos fortes profissionais mais relevantes aparecem em primeiro plano.

Uma escolha pessoal

Como vimos, o fundamental ao criar um currículo é concentrarmo-nos nas competências, experiências e realizações relevantes. Incluir a nossa nacionalidade será sempre uma decisão pessoal. Não existe uma resposta única para todos os casos e a melhor abordagem depende da sua situação e do emprego a que se está a candidatar.

Geralmente, a nacionalidade não é um requisito e não é diretamente relevante para a sua candidatura.  No entanto, use o seu discernimento. Se o emprego exige fluência numa língua específica ou se o facto de ter nascido/vivido num país for uma mais-valia, então incluir a sua nacionalidade pode ser benéfico. Por outro lado, se houver alguma possibilidade de discriminação, é melhor omitir esta informação.

Lembre-se que o seu curriculum vitae é um documento dinâmico. Adapte-o sempre à oportunidade e à empresa em causa. Pesquise a cultura da empresa e destaque experiências ou competências que lhe pareçam adequadas. Esta abordagem específica mostrará os seus pontos fortes e causará uma impressão mais sólida, independentemente de optar por incluir ou não a sua nacionalidade.

Nacionalidade no currículo: um aspeto a equacionar

Neste artigo, vimos que a nacionalidade no currículo pode ser importante em alguns casos, como quando se requer o domínio de um idioma ou o entendimento de uma realidade cultural específica. Porém, também vimos que inserir este elemento pode trazer à tona preconceitos e enviesamentos que prejudicam a sua candidatura. Por este motivo, deve analisar caso a caso se vale a pena inserir a nacionalidade no currículo e dar-lhe o devido destaque.

Adicionar a sua nacionalidade é muito fácil no CVwizard: no editor, basta procurar pela secção “nacionalidade” nos dados pessoais e inseri-la. Também pode inserir um rodapé como secção final. Além disso, fornecemos-lhe outros recursos importantes, como artigos sobre CV, que lhe dirão tudo sobre como criar um documento apelativo e de aspeto profissional, ideal para impressionar os recrutadores. Crie o seu currículo agora!

Referências:

(1) Michael Page: Discriminação no local de trabalho e como preveni-la em 2023

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