Filhos no currículo — mencionar ou não?

Precisa colocar que tem filhos no currículo?

Os filhos são um aspecto central da vida dos pais e podem ter um impacto grande em sua rotina profissional. Então, muitas vezes surge a dúvida se é preciso mencionar os filhos no currículo. Afinal, será que um empregador em potencial poderia ter interesse nessa informação? Neste artigo, veremos que não é bem assim. A seguir, vamos analisar algumas considerações legais e o risco de discriminação ao colocar que tem filhos no currículo. Além disso, discutiremos a relevância dessa informação e alguns casos específicos em que ela pode beneficiar sua candidatura a uma vaga de emprego.

Considerações legais e discriminação

Apesar de muitas pessoas terem o hábito de mencionar que têm filhos no currículo, essa informação pode levar a preconceito por parte de alguns empregadores. Principalmente, para aqueles que consideram a maternidade um empecilho profissional.

Portanto, há sempre um risco ao colocar que tem filhos no currículo. Em especial, no caso das mulheres — afinal, elas são vistas muitas vezes como as principais responsáveis pelos filhos, por mais retrógrado que seja esse pensamento.

É importante entender que discriminar alguém que tem filhos em uma seleção de emprego é considerado crime no Brasil. Isso está previso na Lei nº 9.029/95:

“Art. 1º É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art. 7o da Constituição Federal.” (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)

O Ministério Público do Trabalho (MPT) já entrou com ações contra empresas que adotam esse tipo de prática. Mesmo assim, na maioria dos casos, é difícil provar que os filhos foram a causa de uma rejeição durante um processo seletivo. Então, vale a pena pensar duas vezes antes de mencionar essa informação no seu currículo profissional.

Relevância para o emprego

É claro que também pode haver boas razões para mencionar que você tem filhos ao aplicar para uma vaga de emprego. Na verdade, há alguns cenários em que essa informação pode ser especialmente relevante — mesmo que seja um argumento subjetivo.

Os casos mais óbvios em que pode ser interessante mencionar que você tem filhos são justamente aqueles que envolvem o trabalho com crianças. Por exemplo, você pode se beneficiar disso ao concorrer a uma vaga de:

  • Professor(a)
  • Pediatra
  • Psicólogo(a) infantil
  • Recreacionista

Logicamente, não é necessário ter filhos para ser um(a) ótimo(a) profissional em qualquer um desses casos. Mesmo assim, é inegável que muitos empregadores verão com bons olhos o fato de você ser mãe/pai ao se candidatar para uma dessas vagas.

O senso comum, nesses cenários, é de que, ao ter filhos, você está bastante acostumado(a) a lidar com crianças. Portanto, tende a ter uma facilidade maior para lidar com elas — o que inclui habilidades como paciência, empatia e cuidados básicos.

Portanto, se você tem filhos e pretende concorrer a uma vaga como essas, pode sim optar por incluir a informação no currículo. No entanto, lembre-se que, mesmo nessas carreiras, pode haver empresas e gestores preconceituosos. Então, é necessário sempre avaliar caso a caso antes de decidir o que fazer.

"Apesar de muitas pessoas terem o hábito de mencionar que têm filhos no currículo, essa informação pode levar a preconceito por parte de alguns empregadores."

Potenciais benefícios de mencionar filhos no currículo

Portanto, acabamos de ver uma razão simples para mencionar que você tem filhos no currículo: a maternidade/paternidade pode ser considerada uma habilidade importante em muitos casos. Especialmente, se a vaga desejada é para trabalhar diretamente com crianças.

Em outras palavras, dependendo da sua profissão, ter filhos pode fazer você desenvolver competências que são valorizadas na sua área. E isso pode respingar, inclusive, em carreiras que não incluem o contato direto com crianças. Afinal, como explicamos em nossos artigos sobre o tema, as soft skills são muito importantes em qualquer área.

Por exemplo, a maternidade e a paternidade podem levar uma pessoa a se tornar mais empática, paciente e tolerante. E essas são características muito importantes em um profissional que precisa trabalhar em equipe. Da mesma forma, podem ser essenciais para um gestor em qualquer área.

Da mesma forma, a experiência com filhos pode levar ao desenvolvimento de competências como uma melhor gestão do tempo. E muitos pais e mães também se tornam pessoas mais capazes de lidar com diferentes demandas ao mesmo tempo — o famoso multitasking ou “multitarefas”.

Isso sem falar, claro, em outras qualidades bem mais subjetivas. Por exemplo, muitos empregadores veem quem tem filhos como pessoas mais responsáveis, maduras e comprometidas. Há também quem veja pais e mães como mais propensos a permanecer mais tempo em um mesmo emprego em busca de estabilidade.

É claro que isso tudo é relativo — depende bastante do responsável pela seleção. Além disso, nada impede que o fato de você ter filhos também seja visto como um problema. Infelizmente, o preconceito também é bastante comum e pode afetar a forma como seu currículo será lido.

Pontos negativos e riscos

Não há dúvidas de que pode haver benefícios em citar filhos no currículo. No entanto, eles são altamente subjetivos e estão sujeitos a uma série de condições que podem não se concretizar na prática. Afinal, nem toda empresa valoriza as habilidades e competências normalmente relacionadas à maternidade/paternidade, por exemplo.

Já o principal risco ao candidato é mesmo o preconceito e risco de discriminação por ter filhos. Esse é um problema que afeta principalmente as mulheres. Afinal, muitos gestores consideram que os filhos podem tirar seu foco do trabalho e acabar tornando-as menos produtivas, por exemplo.

Além disso, persiste em muitos casos a visão de que profissionais que são mães podem prejudicar a empresa ao faltarem por causa dos filhos, pedirem mais folgas e não ficarem até mais tarde no trabalho, por exemplo. Esse preconceito pode levar a candidata a ser eliminada da seleção ou, em alguns casos, a receber uma oferta salarial menor do que o esperado.

Portanto, é inegável que há riscos em mencionar que você tem filhos no currículo. Isso leva muitas candidatas a abdicar disso. Afinal, essa não é uma informação obrigatória e você pode simplesmente optar por preservar sua privacidade — assim como a da sua família.

Então, a não ser que você veja benefícios claros em mencionar isso e sinta segurança em relação à idoneidade do processo seletivo, você certamente não precisa colocar que tem filhos no currículo.

Como colocar que tem filhos no currículo

Você já pesou todos os prós e contras de incluir essa informação e decidiu ir em frente? Então, vamos entender agora como colocar filhos no currículo de forma simples e discreta.

Em geral, essa informação é adicionada na seção dedicada aos seus dados pessoais. Por exemplo, você pode incluí-la da seguinte forma:

Dados Pessoais
Maria Silva Fonseca
Casada, dois filhos
Rio de Janeiro - RJ
(xx) xxxxx-xxxx
maria.fonseca@email.com

Portanto, nesse exemplo, a informação sobre filhos vem logo abaixo do nome completo da candidata. Além disso, é acompanhada do seu estado civil — aliás, essa também é uma informação opcional. Em seguida, vêm informações sobre o local de residência e os dados para contato com a profissional.

Lembre-se que, independentemente de adicionar ou não essa informação, você deve focar em outros aspectos que são bem mais importantes em seu currículo. Eles incluem, por exemplo, sua experiência profissional e as habilidades relevantes para a vaga à qual você está se candidatando.

Se não sabe quais informações citar no documento, você pode se inspirar nos modelos de currículo do CVwizard. Neles, você pode adicionar ou remover os campos que achar oportunos conforme o caso.

Dica do especialista:

Se você considera que pode sofrer preconceito em uma empresa específica por ter filhos, vale a pena repensar sua vontade de trabalhar nela. Afinal, a atitude dos gestores durante o recrutamento pode refletir um ambiente pouco receptivo, em termos gerais, a profissionais que são mães ou pais.

Uma informação dispensável

Portanto, fica claro que você não precisa colocar no currículo que tem filhos. Esse é um tipo de informação que se encaixa no mesmo caso do seu estado civil, nacionalidade e outros aspectos que podem torná-lo(a) alvo de discriminação durante um processo seletivo. Então, só vale a pena incluí-lo quando você enxergar benefícios claros com isso.

Para mais informações sobre o que acrescentar ou não no currículo, confira outros artigos sobre o tema no CVwizard. Assim, você saberá como usar os melhores elementos a seu favor na hora de se candidatar a uma vaga de emprego.

Referências:

(1) BBC, 19 de abril de 2024: As vantagens de se incluir a maternidade no currículo

(2) Crescer, 19 de abril de 2024: "Não contratamos mães com filhos pequenos": mulheres contam como foram discriminadas no mercado de trabalho durante a pandemia

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